Alguns textos reflexivos sobre o uso da bicicleta nas cidades.
"Essa deve surpreender muita gente: uma pesquisa revelou que é mais saudável se deslocar nas cidades de bicicleta do que de carro - mesmo levando em conta o risco de acidentes fatais. O estudo holandês indica que as vantagens de pedalar podem ser nove vezes maiores que os riscos de acidentes de trânsito e e exposição à poluição.
Se por um lado, estima-se que ciclistas absorvam duas vezes mais poluição ao respirar do que motoristas e sejam mais vulneráveis a acidentes de trânsito, por outro, a prática de exercícios moderados pode aumentar a expectativa de vida em até 50%".
(Ler na fonte)
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A bicicleta, em horários de pico, é mais rápida que o carro.
Sobre a diferença entre motoristas e ciclistas
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"Essa deve surpreender muita gente: uma pesquisa revelou que é mais saudável se deslocar nas cidades de bicicleta do que de carro - mesmo levando em conta o risco de acidentes fatais. O estudo holandês indica que as vantagens de pedalar podem ser nove vezes maiores que os riscos de acidentes de trânsito e e exposição à poluição.
Ciclistas vivem em média de 3 a 14 meses a mais por causa da atividade física, perdendo potencialmente de 0,8 dia a 40 dias de vida por causa da poluição e 5 a 9 dias por causa de acidentes fatais. A vantagem se estenderia para toda a comunidade, que ganharia com a redução na poluição equivalente a 500 mil viagens de carro por dia.
(...)(Ler na fonte)
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Pedalar no trânsito não faz mal para a saúde
Um dos argumentos usados como desculpa para quem não quer tirar a bunda de dentro do carro é que pedalar nas ruas de uma cidade grande como São Paulo faz mal para a saúde, por causa da poluição. Relevando-se o fato de que as pessoas que reclamam da poluição deveriam fazer sua parte poluindo menos, vamos avaliar essa afirmação.
É óbvio que pedalar no meio do mato é melhor do que pedalar nas avenidas, mas como tiraram toda a vegetação das ruas para os cuspidores de fumaça passarem, é o que sobrou para chegarmos onde queremos. De bicicleta, é sempre preferível utilizar vias alternativas em vez das grandes avenidas, não só porque a poluição não é tão concentrada mas também por uma questão de segurança do ciclista (menos carros e em menor velocidade).
Alguns afirmam que o ciclista “respira mais” que um motorista sedentário – o que de certa forma é verdade – e que por isso ele inalaria mais poluentes, principalmente por não estar protegido por metal e vidro. Essa afirmação é bastante contestável. Vamos analisar alguns fatores:
A bicicleta, em horários de pico, é mais rápida que o carro.
Portanto, você respira por mais tempo indo de carro do que se estivesse de bicicleta, o que por si só equipara a quantidade total de ar respirado com a de quem respira em maior quantidade, durante menos tempo. E esse argumento (do volume de ar inalado) nem merece ser discutido mais a fundo, porque parte da premissa de que uma maneira de evitar a poluição seria respirar menos e continuar poluindo – um total contra-senso e um completo absurdo.
O ar dentro do carro é mais poluído que o ar do lado de fora.
Isso é comprovado pelas medições que volta e meia a CETESB ou o Instituto de Poluição Atmosférica da USP fazem: sempre que medem o ar dentro e fora dos veículos, o ar de dentro tem uma concentração de poluentes bem maior que o do lado de fora, porque dentro do carro os poluentes não se dissipam.
O ar condicionado do carro não impede a entrada de poluentes.
Quando o motorista fecha a entrada de ar externo, há alguma diminuição na entrada de poluentes. Mas o automóvel não é uma câmara selada e os poluentes acabam entrando mesmo assim. Como não se dissipam e não têm por onde sair, acabam sendo inalados pelos ocupantes. Você pode comprovar isso fechando as entradas de ar de um veículo e permanecendo alguns instantes atrás de outro que esteja soltando bastante fumaça: o cheiro dessa fumaça será sentido dentro do carro e permanecerá lá por bastante tempo, mesmo ao se afastar do causador do problema.
O uso contínuo do ar condicionado pode trazer outros problemas além da poluição.
Os filtros têm predisposição para a proliferação de bactérias, que podem causar irritações e doenças respiratórias, além de possíveis problemas causados pelas variações bruscas de temperatura ao entrar e sair do carro.
Nos bordos da pista, a poluição está menos concentrada.
Boa parte dos poluentes, principalmente o material particulado (a chamada fuligem, que também vai para os pulmões), ficam concentrados principalmente na via ou sobem praticamente na vertical. Nos bordos da pista, onde circulam os ciclistas, a concentração é um pouco menor. Se considerarmos a alternativa de utilizar vias de menor fluxo, a inalação desses materiais diminui ainda mais.
O exercício físico regular traz diversos outros benefícios.
Mesmo quando praticado dentro de uma cidade grande, o exercício físico regular traz diversos benefícios: previne problemas cardíacos, aumenta a resistência aeróbica, reduz a obesidade, ativa a musculatura de todo o corpo, diminui a ocorrência de doenças crônicas e problemas cardíacos e aumenta a expectativa de vida em até três anos. Isso quer dizer que mesmo que haja algum prejuízo devido à poluição, na média você sai ganhando. Ou você realmente acha que é mais saudável ir trabalhar sentado sedentariamente dentro de um carro, tendo como exercício físico diário apenas 100 metros de caminhada?
Além de todos os argumentos acima, ainda tem uma falha enorme nesse raciocínio: respirar faz parte da vida! Não temos que nos preocupar em respirar menos e sim em poluir menos. Se o ar está poluído demais, faça sua parte deixando o carro em casa, nem que seja uma vez por semana.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Sobre a diferença entre motoristas e ciclistas
*O que vai abaixo é divagação pseudo-filosófica da mais viajada, opinião pessoal desse que vos escreve.
Gunnar
Outro dia me peguei tentando dissuadir um colega de trabalho da idéia de que a bicicleta, no trânsito, seria análoga à motocicleta, explicando que na verdade pedalar é muito mais parecido com andar a pé.
Então vamos lá, qual é a grande sacada da bicicleta?
1. Quem leva quem? A diferença essencial entre qualquer transporte motorizado e os de propulsão humana é justamente o “motor”. A bicicleta não leva a pessoa a lugar nenhum. É o próprio ciclista que “se carrega”, apenas usando as rodas para potencializar sua própria força.
2. Não é pra qualquer um Num carro, o que importa é o modelo, a cor, a potência do motor, o preço, o design… embora os motoristas gostem de acreditar no contrário, o carro não diz nada sobre a personalidade de quem o dirige, apenas sobre a quantidade de dinheiro que esteve disposto a gastar para obtê-lo.
Já no caso da bicicleta, o que importa é a atitude, coragem e força DO CICLISTA. A bicicleta em si não é nada, não tem nada, e geralmente ciclistas urbanos preferem mesmo bicis meio surradas para se prevenir de roubos. A única ostentação possível é a das pernas torneadas…Qualquer pessoa pode dirigir qualquer carro. Mas apenas alguém com atitude suficiente para desafiar as convenções e o preconceito, com coragem para enfrentar o desrespeito e o perigo, com força e preparo para fazer girar duas rodas com as pernas, só alguém assim é que pedala.
3. Aproveitamento de energia Um carro queima petróleo para deslocar suas 2 toneladas de metal e plástico por aí, e apenas uma parcela marginal dessa energia é usada para levar a (única) pessoa sentada ao volante. Visto de fora, soa meio absurdo, pra não dizer burro. O ciclista, além de prover ele mesmo a energia e o trabalho, desloca apenas a si mesmo – o peso da bicicleta é desprezível em relação ao conjunto, e o motor… é ele mesmo.
4. Deslocamento orgânico Dirigir um carro envolve estímulos que levam a reações, que levam a atitudes reativas, que finalmente resultam na ação. Por exemplo: a. Estímulo: sinal verde b. Reação: “posso acelerar!” c. Atitude reativa: pisar no acelerador d. Ação: o carro acelera
Eventualmente, depois de um tempo de prática, o motorista pula a etapa (b), ligando (c) diretamente com (a). Mas isso não muda o caráter “reativo” da coisa toda. Esse sistema tem dois grandes problemas:
I. Separar o sujeito da ação (ou do meio);II. Permitir uma conduta cômoda, reativa, baseada na espera passiva por estímulos para então agir.
No caso da bicicleta, o usuário é o próprio motor, então ação e reação são a mesma coisa. Além disso, o ciclista tem total noção e domínio sobre sua velocidade, potência, aceleração, agilidade – [momento egotrip] principalmente se for uma fixa, pois em nenhum momento permite ao ciclista “desligar-se” do movimento das rodas.
Finalmente, o ciclista, principalmente num trânsito apático como o nosso, obrigatoriamente desenvolve uma habilidade e sensibilidade toda especial. Quando pedala na rua, está o tempo inteiro usando os cinco (eventualmente seis) sentidos, atento a todos os elementos que o cercam, sempre calculando as velocidades dos outros veículos, antecipando as suas ações, imaginando sua disposição futura e planejando a rota nesse contexto, tomando atitudes pró-ativas. Ou seja, o ciclista “faz o seu caminho”, enquanto o motorista “segue o caminho traçado”.
Ao mesmo tempo, pedalando evita-se a burrice. Os motoristas costumam associar a velocidade máxima com a velocidade de deslocamento, e vivem reclamando dos “lerdos” na rua (bicicletas se encaixam na categoria). O ciclista, no entanto, logo percebe que uma coisa nada tem a ver com a outra. Sem nunca ultrapassar os 30km/h, a bicicleta chega antes ao destino que o carro, que alcançou velocidades de pico de mais de 100km/h. Aproximando-se de um farol vermelho, por exemplo, o ciclista naturalmente diminui a velocidade muito antes, de modo a estar em movimento quando o sinal ficar verde (evita desperdício de força com frenagem e aceleração a partir do zero)… e é ultrapassado pelo raivoso motorista (desperdício de energia com velocidade) que em seguida freia bruscamente (desperdício de energia com frenagem) no farol vermelho. Quando olhar para o lado, o estressado motorista se verá ultrapassado pelo calmo e “lerdo” ciclista. Quando o sinal abrir, o ciclista estará embalado e assim abrirá larga vantagem sobre o carro, que vai acelerar fortemente (mais desperdício de energia) para tentar compensar sua desvantagem. Esse ritual se repete algumas vezes, até que a vantagem acumulada do ciclista seja tanta que o motorista ficará para trás definitivamente.
5. A postura “defensivo-defensiva”O motorista, mesmo que dirija de forma defensiva, age sempre considerando 100% de colaboração dos outros elementos do trânsito. Um motorista ’sem-noção’ dirige considerando 150% de colaboração, ou seja, ele espana a rosca do sistema e obriga os outros a abrir mão de seus direitos para lhe dar passagem. Já o ciclista, mediante a falta de infra-estrutura e sabendo do desrespeito vigente, pedala sempre considerando certa margem de erro. Podemos dizer que o ciclista considera 50% (ou menos) de colaboração dos outros elementos.
Isso se aplica, por exemplo, em cruzamentos: mesmo estando na rua preferencial (além da preferência universal garantida à bicicleta), o ciclista se aproxima com cautela, pois sabe que os carros nas vias perpendiculares provavelmente vão ignorar sua presença, o respeito à vida, a lei, a preferência, o bom senso e a Constituição Federal, e acelerar assim que o fluxo de carros permitir.
Por essas e outras, o ciclista pode (e muitas vezes DEVE) furar o sinal vermelho e fazer outras coisitas consideradas infrações para os motoristas. O fato é que as leis de trânsito foram feitas pensando no trânsito motorizado. Se todos se locomovessem de forma tão orgânica, racional e consciente como o ciclista, não precisaríamos de tantas leis, proibições, sinalizações, restrições e afins.
Isso é pedalar pra mim.Correr tendo rodas como continuação do corpo.Navegar num mar de irracionalidade fortemente controlada usando a racionalidade absolutamente livre.
Voar.
Texto postado e escrito por Gunnar, no blog Ciclista Urbano e originalmente no blog da Bicicletada Curitiba.
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O Paradoxo do Carro
O Paradoxo do Carro
É, na verdade, nada mais do que a velha história: sua liberdade vai até onde começa a do(s) outro(s).
Os donos de carro geralmente usam como argumento a reivindicação do direito de ir e vir, ou seja: paguei pelo carro, tenho o direito de usá-lo. O que eles não percebem são dois detalhes que fazem toda a diferença:
1. O impacto que esse “direito” individual causa na vida de TODAS as pessoas, na cidade e no espaço urbano. Mesmo com o trânsito fluindo (tipo 50 anos atrás), carros – ou seja, uma minoria – já matavam e faziam uso desleal (privilegiado) de um espaço que, na verdade, deveria ser de todos.
2. Se TODOS exercerem esse direito, simplesmente NINGUÉM vai sair do lugar. Esse é o grande paradoxo do carro. A mobilidade perfeita, que se for 100% democratizada leva à imobilidade absoluta.
Seria lindo se todos pudessem ter um carro e com isso se mover livremente por aí, mas esse sistema é limitado, é falho, e não é por ideologia que se diz isso, é geometria espacial mesmo.
É tão irônico ouvir as pessoas reclamando do engarrafamento que vão pegar, na hora de sair da empresa (de carro)… não percebem que elas mesmas estão indo para a rua causar esse engarrafamento!
O mais triste de tudo é que a maioria esmagadora dos carrólatras interpreta os engarrafamentos como “falta de rua”. E os governantes, apesar de saberem que não é nada disso, obedecem ao senso comum para ganhar seus votinhos, aí dê-lhe binários, cortar praças, Estilingão, viadutos, etc. Engraçado que ninguém percebe que, por mais que se faça obras a coisa toda continua ruim."
Texto postado e escrito por Gunnar, no blog Bicicletada Curitiba.
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Alguma sugestão de texto? Envie para projetosjbv@gmail.com.
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